O Aumento da Mistura de Biodiesel no Brasil
A Petrobras está se preparando para elevar a mistura de biodiesel no diesel para 25%, conforme afirmou sua presidente, Magda Chambriard, durante o Fórum de Debates da Confederação Nacional de Transportes (CNT) em Brasília. Atualmente, a mistura está no patamar de 15%, decisão essa tomada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Esse movimento faz parte da transição energética do Brasil rumo a combustíveis mais sustentáveis. No entanto, enquanto Magda Chambriard garante que a Petrobras tem capacidade para fornecer um produto “estável, perfeito em termos de estrutura”, o setor de transportes vê com preocupação o impacto desse aumento.
O Desafio do Custo do Biodiesel
Uma das principais preocupações é o custo. Dados da Gasola by nstech destacam um aumento de quase 98% no custo do biodiesel entre 2020 e 2025. Comparativamente, o diesel comum aumentou cerca de 57% no mesmo período. Segundo Vitor Sabag, especialista em combustível da Gasola, “o biodiesel tem um custo de produção superior ao diesel de petróleo, o que impacta diretamente o preço final na bomba à medida que sua proporção na mistura obrigatória cresce”.
Sabag ressalta a importância de um planejamento cuidadoso na transição para combustíveis sustentáveis para não afetar desproporcionalmente a competitividade do transporte rodoviário de cargas.
Impactos na Frota Antiga
Além do custo, existe uma preocupação técnica com a adaptação da frota de caminhões do Brasil. Com idade média de 18 anos, muitos veículos podem não estar preparados para lidar com porcentagens mais altas de biodiesel na mistura. A frota rodoviária de cargas é responsável por transportar 70% das mercadorias no país, tornando esse um aspecto crucial. Como alerta Sabag, “muitos desses caminhões talvez não estejam preparados para trabalhar com percentuais elevados de biodiesel”.
Lições da Europa e Caminhos para o Futuro
Para superar os desafios, o Brasil pode buscar inspiração na Europa, onde políticas incluem não apenas o aumento de biocombustíveis mas também integrações com combustíveis sintéticos e elétricos. Isso inclui considerar a idade dos motores e o tipo de uso dos veículos. A abordagem europeia oferece um caminho balanceado que o país pode adaptar para garantir que o aumento da mistura não afete negativamente a competitividade e logística do transporte.
A conclusão crucial é que, enquanto o biodiesel tem potencial para ser uma peça chave na matriz energética brasileira, é indispensável que ele faça parte de um conjunto de soluções, como eletrificação e outros renováveis. Ademais, será necessário garantir que a produção seja competitiva e que a frota nacional receba o apoio técnico e político necessário para se adaptar às novas normas.
O aumento da mistura para 25% resultará em aumento dos custos de frete no Brasil? A discussão ainda está aberta e merece uma atenção ampla e colaborativa.




